O mundo do futebol, principalmente os mais saudosistas, suspiram pelo malabarismo despojado, pela irreverência da finta curta e pela ousadia do toque de calcanhar. O futebol contemporâneo mecanizou-se. Os atletas funcionam como átomos circunscritos a um espaço, desempenhando um par de ações no jogo, parte integrante de um sistema de montagem aferrolhado que prevalece sobre qualquer ação individual. Felizmente, ainda existem exceções à regra.
Allano, extremo brasileiro de 25 anos, é uma destas. Para o bem e para o mal. O canarinho chegou ao clube em janeiro deste ano e, pouco tempo, assim que chamado, exaltou perfume brasileiro através das botas. Rebelde com bola, irreverente, um malabarista na arte de fintar e ludibriar os adversários, foge do padrão comum do extremo do futebol moderno. Ora aparece no apoio defensivo ao seu lateral, ora surge mais aberto, deambulando pelo meio, juntando-se por vezes ao homem mais adiantado da equipa. Vagabundeia pelo campo, quando a equipa surge em posse, à procura da melhor oportunidade para exprimir o seu futebol.
Diante do Moreirense FC, jogo preso por arames táticos, conseguiu soltar-se da pressão dos cónegos, surgindo várias vezes com perigo em zonas adiantadas do terreno. Se, no início do jogo, sentiu algumas dificuldades na definição, com o passar do tempo acumulou confiança, sendo peça fundamental no desenhar das várias jogadas de perigo que a equipa foi delineando na partida.