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‘Hoje o CD Santa Clara atravessa uma das melhores fases da sua história’

Exmas. Senhoras e Exmos. Senhores,

Caros sócios e sócias,

 

 

Antes de mais espero que esteja tudo bem convosco e demais Família, nestes momentos, tão difíceis quanto desafiantes. Que tenham tido uma Santa Páscoa repleta de afetos e junto daqueles que vos são mais queridos.

 

Este é a última vez que, vos escrevo, neste mandato.  Como deverão saber, entrei para o CDSC com 31 anos de idade, levado pela promessa que fiz ao meu Pai, de conseguir levar o Santa Clara e os Açores, ao lugar que lhe é devido, entre os melhores do futebol português.

 

Nasci em São Roque, e vivi a minha infância a chutar latas de coca-cola, no calhau, com 4 canas, a servir de balizas improvisadas. Aprendi a amar o Santa Clara, pela mão da minha mãe que trabalhava no Estádio de São Miguel e pela mão do meu Pai, o Guarda Cordeiro e posso dizer que me considero um felizardo por poder ter tido a oportunidade de cumprir a promessa que lhes fiz.

 

Eu e os meus órgãos sociais encaramos o projeto ‘CD Santa Clara’ com tremenda responsabilidade e espírito de missão e alcançamos os objetivos a que nos propusemos. Hoje o CD Santa Clara atravessa uma das melhores fases da sua história, hoje temos a oportunidade de viver páginas douradas da nossa história.

 

Os primeiros três anos foram de doloroso saneamento financeiro. O CDSC tinha mais de 1,5 milhões de euros de passivo bancário, mais de 1,2 milhões de euros de dívidas ao Fisco, mais de 200.000,00 mil euros em dívidas à Segurança Social e perto de 500.000,00 euros em dívidas a fornecedores.

 

A sede do CDSC estava ao abandono, todo o património esteve penhorado e hipotecado por dívidas e o clube lutava por não descer para a 3ª divisão. Em três anos, alcançamos o nosso sonho. Subimos de divisão, requalificamos a sede, recuperamos a Formação do Clube, lançamos um novo cartão de sócio, inauguramos a nossa primeira loja oficial, reaproximamos o povo açoriano do seu clube, recuperamos parcerias com as empresas regionais e voltamos a ser credíveis e respeitados juntos da Liga Portugal, da Federação Portuguesa de Futebol e demais entidades públicas e privadas.

 

Neste último mandato, no plano financeiro, destacamos a liquidação total do passivo bancário do valor de 1,2 milhões de euros, que permite ao Santa Clara ter o seu nome «limpo», no Banco de Portugal, tivemos vencimento, em 1ª instância, da dívida ao Fisco, que permitiu ao CDSC, ter a sua situação contributiva regularizada, liquidamos na sua quase totalidade as dívidas a fornecedores e estabelecemos um acordo histórico entre o Clube e a SAD que permitirá, em três anos termos, o pagamento total da dívida.

 

Neste momento histórico, o CDSC não tem dividas ao Fisco, Segurança Social, não deve um cêntimo aos Bancos, tem os seus fornecedores em dia, e um acordo com a SAD que permitirá- embora o objetivo seja encurtar-, o pagamento total da dívida em 3 anos e tem o seu património livre de ónus e encargos.

 

No plano das modalidades, destaco os vários títulos da Formação e a potenciação de vários jovens atletas açorianos, em todos os escalões, o crescimento sustentável da modalidade de Futsal, com títulos de Campeão Regional tanto no masculino, como feminino. O Futsal Adaptado que tantas alegrias nos deu com o título nacional e com a presença na final da Taça de Portugal. No atletismo mantivemos o apoio aos nossos atletas e revitalizamos a realização da Corrida do Santa Clara.

 

No plano do Futebol sénior, estamos a caminho da 4ª Época consecutiva no principal escalão do futebol português, com especial destaque para as melhores classificações e pontuações de sempre da nossa história. Durante os últimos 3 anos, vencemos todas as equipas, com que nos debatemos, com exceção  ao Sporting Clube de Portugal e Futebol, Clube do Porto, vencemos o Benfica no Estádio da Luz, por 3-4, sendo a única equipa que conseguiu marcar 4 golos naquele Estádio em jogos do campeonato nacional. Atingimos pela primeira vez, os quartos de final da Taça de Portugal. Demos um exemplo ao País, ao aceitarmos jogar durante dois meses na Cidade do Futebol, em parceria com a FPF, para que a competição pudesse retomar e, acima de tudo, salvaguardar a saúde dos açorianos e açorianas, numa altura difícil da pandemia. Este ano, caminhamos para a 3ª manutenção, a lutar para chegar ao 6º lugar. Somos um exemplo de cidadania para o futebol português, por sermos o único Estádio, que teve público a poder assistir e a nos apoiar.

 

No plano das relações com a SAD do Santa Clara, o CDSC manteve os seus 40% no capital social, sendo o objetivo criar as condições, para que esta participação possa vir a ser aumentada num futuro próximo, privilegiando as relações de sinergia e cooperação entre ambas.

 

 

O nosso mandato findou. O nosso trabalho está quase concluído. Os próximos 3 anos são fundamentais para o estabelecimento, em definitivo, do CD Santa Clara enquanto um dos maiores do futebol português e para a sempre constante evolução da instituição. São vários os desafios prementes que tentaremos almejar:

 

-Dotar o Clube de uma infraestrutura moderna ao serviço dos sócios, com um núcleo museológico, um espaço de lazer e convívio para os sócios, com um conjunto de valências sociais.

-Adquirir um espaço próprio destinado a todos os escalões de formação do clube e aberto à utilização do futebol açoriano.

-Manter a política de saneamento financeiro, permitindo a manutenção das contas equilibradas e sustentáveis.

-Manter a política de apoio às modalidades e, se possível, de forma sustentável reabrir mais modalidades.

-Celebrar um protocolo de cooperação tripartido entre a Fundação, Clube e SAD para definir objetivos de atuação comuns.

-Manter os 40% do CDSC na sua SAD e lutar, para que, a breve trecho, essa participação, possa vir a ser aumentada.

 

Longos dias têm seis anos. Foram mais de 2000 dias, mais de 52.000 horas, 3.000.000,00 milhões de minutos a servir esta instituição, a respirar Santa Clara e a lutar pelos Açores. Foram centenas de viagens, a correr Portugal, de Faro a Guimarães, passando por Tondela e pela Madeira, tudo por amor a este Clube e à nossa região. Muitas lágrimas e infinitas alegrias.

 

Estamos a viver um momento histórico. Este é talvez o melhor Santa Clara de sempre. Nunca serei o melhor Presidente do mundo, nem o melhor Pai, o melhor marido, o melhor amigo, mas serei sempre aquele, que pretende melhorar, crescer, errar aqui, acertar ali, mas sempre com a consciência, que acertamos mais vezes do que as que erramos.

Não queria, portanto, deixar de agradecer por todo o apoio, carinho e cooperação evidenciados ao longo destes últimos três anos. Se conquistamos o céu, se fizemos história, muito se deve ao vosso apoio e à vossa coragem, tão caraterística do povo açoriano.

 

Um abraço de fraternidade santaclarense,

Rui Melo Cordeiro,