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Regresso ao Passado – Barrigana

António Pedro Magalhães Batista, no futebol: ‘Barrigana’. Chegou aos Açores pela mão do técnico Manuel Fernandes, inscrevendo o seu nome na história do clube. Barrigana, médio defensivo que também atuava como central, é ainda um dos atletas com mais jogos ao serviço do CD Santa Clara e, passado tanto tempo, não esquece os adeptos açorianos e as históricas subidas de divisão.

 

Os primeiros passos no Futebol

 

‘Aos 12 anos comecei a dar os primeiros passos no futebol. Comecei a minha formação formação no Amarante FC e só saí de lá aos 18 anos para ingressar no Sporting. No início da carreira jogava mais como médio ofensivo, atrás do ponta de lança. Mais tarde, fui recuando no terreno, adaptei-me facilmente a outras posições que os treinadores me pediam’.

 

Do Amarante FC para o Sporting CP

 

‘Aos 14 anos fui campeão do torneio inter-cidades pelo Amarante. Desde aí o Sporting CP começou a observar-me. Na altura não quis ir para o Sporting para continuar a estudar. Entretanto, no meu 12º ano, num passeio de finalistas que fizemos para a zona de Cascais, na altura da Páscia, o Sr.º Manolo Vidal, ex-diretor do Sporting, viu-me e ligou ao meu pai a perguntar o que achava de eu ir treinar à experiência com os seniores do Sporting. Nesta altura, ainda era junior do Amarante e fui treinar com os seniores do Sporting. Ao fim de uma semana e meia, o Raúl Águas e o Vítor Damas vieram falar comigo e disseram que iam propor à direção para assinar contrato comigo. Assinei um contrato de três anos mas não me cheguei a estrear pela equipa principal’.

“Ninguém estava à espera que conseguíssemos subir de divisão.”

De Faro para o Tirsense

 

‘Estive quatro temporadas no Farense, altura em que a equipa estava na Primeira Liga. Foram quatro temporadas muito boas para o clube. A equipa ocupava sempre bons lugares na tabela classificativa mas sentia que jogava pouco. Depois da quarta temporada, o mister Manuel Fernandes, que eu já conhecia bem, convidou-me para ir para o Tirsense. Ele precisava de um médio e falou comigo. Foi difícil ter saído da Primeira para a Segunda Liga mas aceitei o convite e gostei muito de estar em Santo Tirso’.

 

Novamente Manuel Fernandes

 

‘Manuel Fernandes, na altura treinador do CD Santa Clara, convidou-me para ir para os Açores e fui. Tínhamos uma boa equipa com bons jogadores, o grupo era muito unido e com uma boa massa adepta mas não sonhávamos sequer com a subida de divisão. Ninguém estava à espera que conseguíssemos subir de divisão. Foi um momento especial’.

 

Fazer das fraquezas forças

 

‘Às vezes sentíamo-nos discriminados por sermos uma equipa da ilha. Mas nós fazíamos dessa fraqueza, uma força para conseguirmos derrubar esses muros. Os açorianos, em geral, são pessoas excepcionais pelas quais tenho um enorme carinho. Sempre fui muito bem recebido por toda a gente e guardo saudades dos Açores’.

“CD Santa Clara é hoje uma equipa de luta, de querer, de vontade.”

As duas subidas

 

‘A primeira subida foi histórica. Nunca pensamos conseguir subir nessa altura. Sabíamos que tínhamos um bom grupo mas o objetivo traçado pela direção nunca foi o de subir. À medida que a equipa foi amealhando pontos, começamos a sonhar que era possível. A segunda subida posso considerar que foi um ponto alto também… mas aí já tínhamos uma grande equipa mesmo, muito diferente. Era uma equipa construída e talhada para subir de divisão’.

 

O novo CD Santa Clara

 

‘O trabalho não me permite acompanhar o futebol tanto quanto queria. Mas, daquilo que tenho visto, o CD Santa Clara é hoje uma equipa de luta, de querer, de vontade. Vejo algumas semelhanças em relação à nossa forma de jogar, na temporada de estreia na Primeira Liga.  Isso deixa-me orgulhoso’.

 

A profecia de Barrigana

 

‘Há um jogo, no trajeto da subida, que não me esqueço. Jogamos contra o Sporting de Espinho que, na altura, também lutava para subir de divisão. Ao minuto 65 estávamos a perder por 3-0 e já estava de cabeça perdida. Fui pedir satisfações ao árbitro, ao que ele me disse para me preocupar com o jogo. Em dez minutos nós fizemos dois golos. Estávamos por cima na partida e, no último minuto, o Prokopenko cai na área e o árbitro nada assinala. Na mesma jogada, bola na mão do jogador do Espinho e, novamente, o árbitro nada assinala. Acabou o jogo, estávamos todos chateados. Ficávamos fora dos lugares de subida, a cinco jornadas do fim e o Espinho passava-nos à frente na classificação. O mister Manuel Fernandes vem ter comigo… também ele chateado e antes dele dizer qualquer coisa, disse-lhe que a jogar daquela forma, íamos mesmo subir de divisão. E assim foi’.