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Regresso ao Passado – Toñito

Bastou-lhe uma única temporada nos Açores para deixar a sua inconfundível marca. Era magia, era irreverência, era golo. Era… Toñito. O mágico espanhol chegou ao CD Santa Clara, emprestado pelo Sporting CP, em 2001/2002 e deixou uma marca indelével na história do clube.  Foram muitas as fintas, as pinceladas na bola dignas de um verdadeiro artista, os toques de requinte… mas na memória coletiva fica aquela célebre exibição diante do FC Porto, em 2001, com dois golos apontados. Os açorianos não esquecem Toñito e o espanhol não esquece o povo que o acarinhou.

 

O futebol como escape

 

‘O futebol era a única coisa que me fazia feliz na infância. Vinha de uma família humilde com sete irmãos. Vivíamos em casa da minha avó num bairro muito conflituoso. Eu conseguia-me libertar através do futebol. Era o único local onde me sentia verdadeiramente feliz. Na rua a jogar futebol, era aí o meu espaço. Tanto era assim que, um dia, quando tinha 11 ou 12 anos vieram-me convidar para jogar futebol de formação a sério. Um ano depois estava no CD Tenerife’.

 

Sair da zona de conforto

 

‘Fui crescendo na formação do CD Tenerife e aos 16 anos comecei a treinar com a equipa sénior. Quando cumpri 18 anos percebi que não ia ter muitas oportunidades na equipa principal. Foi nessa altura que um empresário (Paco Moreno), ofereceu-me a possibilidade de ir jogar para Portugal, na Primeira Liga. Não pensei mais, só queria ser profissional, não me importava mais nada’.

“Em Dezembro, o Boloni, queria-me repescar. Mas eu não podia fazer isso ao clube. Estava muito feliz nos Açores”

De Espanha para o Vitória FC

 

‘Em Setúbal tive a ajuda do mister Manuel Fernandes. Ele acolheu-me como um filho e deu-me tudo para poder mostrar o meu futebol ao mundo. O mister Cardoso foi igualmente muito importante para mim. Ambos fizeram tudo para extrair o meu melhor futebol e poder atingir todo o meu potencial. Só tenho grandes memórias dessa altura. Ainda mantenho contacto muitos amigos de Setúbal. Sem o apoio e o suporte do Vitória FC não chegaria onde cheguei na minha carreira. Só posso estar agradecido por tudo aquilo que me deram’.

 

De pé quente

 

‘Posso dizer que sou um jogador de sorte. No meu primeiro ano pelo Sporting CP, sou campeão. O Sporting não era campeão há 18 anos e, logo naquele ano, sou campeão. Depois, no CD Santa Clara, na minha única temporada, o clube atinge a manutenção, numa temporada verdadeiramente histórica. Ou seja, fiz sempre história e deixei a minha marca na maior parte dos clubes por onde passei. Considero-me um jogador de sorte ‘.

 

De novo, a felicidade

 

‘No meu terceiro ano no Sporting CP, o mister disse-me que ia ter poucas oportunidades para jogar. Então tive de procurar alguma solução onde pudesse jogar com regularidade, onde pudesse voltar a encontrar felicidade. Sinto que foi uma decisão acertada. Lembro-me que em Dezembro, o Boloni, treinador do Sporting CP, queria-me repescar. Mas eu não podia fazer isso ao clube. Estava a ser muito feliz nos Açores e tinha objetivos por cumprir’.

“Amo os Açores e levo o povo açoriano para sempre no meu coração”

‘Eu estou aqui!’

 

‘Chego ao CD Santa Clara através do meu grande amigo Hanuch. Não tinha grande informação sobre o clube mas quis arriscar, sou assim por natureza. Era uma grande oportunidade para dizer: ‘Eu estou aqui!’. Encontrei uma grande família nos Açores e a temporada em que estive no clube foi inesquecível. Naquela temporada nós tínhamos um plantel de grande nível. Todos os clubes nos respeitavam e temiam pois éramos capazes de ganhar em qualquer estádio’.

 

O calor humano dos açorianos

 

‘Lembro-me dos adeptos açorianos com muito carinho. Sentia-me muito acarinhado por toda a gente. Sentir a felicidade no rosto das pessoas é um sentimento fantástico. Fazia-me sentir especial, importante. Eu devolvia esse carinho que me davam com boas exibições, golos. Dava tudo para tentar retribuir tudo aquilo que os adeptos me davam.  Amo os Açores e levo o povo açoriano para sempre no meu coração. Infelizmente, nos dias de hoje,  só consigo acompanhar os jogos do CD Santa Clara pela Televisão e pela Internet. Gostava muito de voltar a visitar os Açores e de continuar a ajudar o clube a crescer’.

 

Super Toñito

 

‘Há dois golos que me marcam imenso. Foi quando o CD Santa Clara ganhou ao FC Porto. Marquei os dois golos do CD Santa Clara no jogo e contribuí para a primeira vitória do clube diante de um grande. Foi uma exibição mágica. Os meus companheiros do Sporting, depois do jogo, ligaram-me a agradecer pela ajuda pois assim ficavam mais próximos do título’.