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«De onde venho é preciso trabalhar muito para ter oportunidades»

Mentalidade forte. É uma expressão repetida em múltiplas ocasiões por Kennedy Boateng na sua conversa com o departamento de comunicação do Santa Clara. A atravessar um grande momento pelo emblema açoriano, foi consecutivamente titular nos últimos 7 jogos e tem mostrado uma tremenda solidez defensiva. Nascido no Gana e com ligação ao Togo, já foi chamado aos trabalhos da seleção destes últimos, embora não se tenha estreado na formação orientada pelo português Paulo Duarte.

 

«Não desisto facilmente»

 

Num difícil arranque de temporada para o Santa Clara, com uma sobrecarga extensiva de jogos, o central não avançou de imediato para a titularidade e, com o decorrer da época, tem mostrado um feedback extremamente positivo que se traduziram em minutos de jogo. A sua persistência vem desde muito novo e por força das origens, como conta o atleta: «O que realmente me ajudou a melhorar foi sobretudo ter uma mentalidade forte. Como jogadores pensamos de forma diferente. Não desisto facilmente e era fácil fazê-lo. De onde venho é preciso trabalhar muito para ter as oportunidades porque não há favores. Tens de trabalhar no duro por ti próprio e manter-te focado.»

 

Processo formativo ‘à neerlandesa’

 

Desde os 10 anos na West African Football Academy (WAFA), o clube no qual Boateng fez a sua estreia como profissional tem laços intrínsecos aos Países Baixos. Esse é um aspeto que explicou e apontou como fator benéfico na sua posterior adaptação à Europa. Quando estava no Gana joguei numa academia chamada West African Football Academy e comecei a jogar muito novo, com 10 anos. A equipa que suportava esta academia era o Feyenoord, dos Países Baixos. Então, para mim, estava a ter uma experiência europeizada no Gana. A minha primeira experiência na Europa não foi assim tão difícil porque, quando ainda estava em África, tinha métodos de treino parecidos.»

 

A adaptação prática a metodologias do futebol europeu no continente africano é algo que aproxima ambos, de acordo com o atleta, que refere que essa prospeção de talento por alguns dos maiores clubes do globo é natural: «É óbvio que agora existe muito talento africano no futebol europeu, o Mo Salah e o Sadio Mané no Liverpool por exemplo. Quando vais a África vês sempre muito talento jovem e acho que é por isso que [o futebol europeu] faz tanta prospeção no continente.»

«Foi a primeira vez que experienciei o Inverno…»

FOTO: SV Ried

 

O país, a linguagem e o frio

 

Um dos aspetos mais difíceis da adaptação ao novo país, a Áustria, foram as condições meteorológicas. Kennedy Boateng confessou que, quando assinou e rumou ao LASK Linz, nunca tinha presenciado o Inverno na sua vida: «A adaptação? Para mim, a primeiro, foi muito difícil… foi a primeira vez que presenciei o Inverno, era muito frio. A Áustria que era muito fria. A linguagem também era [um obstáculo], mas tive amigos que me ajudaram a aprender e continuei a trabalhar. No futebol profissional não tens escolha, tens de te adaptar. Aprendi a língua e adaptei-me à vida na Áustria», atirou, referindo novamente a forte mentalidade como a principal arma no seu arsenal.

 

O sentimento de ser importante 

 

Kennedy Boateng chegou ao LASK Linz em 2016 e realizou 11 jogos pelo emblema da Segunda Divisão, antes de rumar ao SV Ried. Depois do período de cedência, no qual fez 33 jogos e marcou 3 golos, o central natural do Gana tornou-se numa das referências da equipa. «Não joguei muito [no LASK] e foi por isso que me juntei ao SV Ried por empréstimo de uma época. Depois, precisavam de mim e compraram-me», começou por dizer. «Joguei lá quatro épocas antes de vir para Portugal.»

 

A primeira mudança intraeuropeia 

 

Depois de temporadas de sucesso na Áustria, conseguindo num primeiro momento sagrar-se campeão da 2ª Liga pelo SV Ried – algo que já tinha feito na sua temporada de estreia pelo LASK Linz – e de na época seguinte ajudar a equipa a manter-se no principal escalão, o Santa Clara chamava e Boateng aceitava a proposta dos açorianos para, aos 24 anos, rumar ao futebol português, o qual elogiou em termos qualitativos. «Acho que a Liga Portuguesa é melhor que a austríaca, e foi um desafio para mim experienciar. Adaptei-me à realidade, mantive o foco e acho que as coisas me estão a correr bem agora.»

Trabalhar com um português no Togo

FOTO: @kennedyboatengofficial14

 

No passado mês de novembro, por ligações familiares que tornam o atleta elegível a alinhar pelas cores do Togo, Kennedy Boateng figurou na lista de convocados do selecionador nacional Paulo Duarte. O central não se estreou de forma absoluta pelos togoleses, mas integrou em pleno os trabalhos da seleção que, nesse mesmo compromisso internacional enfrentou a Namíbia e o Senegal.

«Vamos dar vitórias aos adeptos. Não os vamos desiludir»

A viver um momento muito bom no Santa Clara e nos Açores

 

Com 21 partidas disputadas nos Bravos Açorianos, o defesa reconhece que tem conseguido apreciar as suas qualidades como futebolista, focando-se no trabalho diário para continuar a melhorar junto dos restantes colegas: «Nos últimos 4 anos reconheço as minhas capacidades como central e sei das minhas virtudes. Por exemplo, sei que sou alto, tenho bom timing e que sou rápido. Normalmente, no futebol, não são muitos central altos que são muito rápidos como eu», começou. «Não consigo falar no jogo específico [em que me comecei a sentir 100% confortável], e tivemos mudanças na equipa técnica durante a temporada, o que faz com que tenhas de ter uma mentalidade muito forte. Um treinador pode não gostar do teu estilo de jogo, e quem vier a seguir pode apreciá-las. Isto é futebol. Mentalidade forte e manter o foco porque tudo pode acontecer», alertou.

 

«Foco em nós próprios»

 

Quando questionado sobre o que esperar até ao final da época, o central não espera facilitismos e apela ao coletivo. «Todos os jogos são difíceis. Podemos dizer que ‘esperamos que esta ou aquela equipa tropece’, mas o que temos de fazer é mesmo focar-nos em nós. Isso é a coisa mais importante. Quando ganhamos jogos, isso ajuda-nos a focar apenas em nós próprios. Trabalhar como uma equipa e conquistar os nossos objetivos é o mais importante.»

 

O agradecimento a quem está sempre lá

 

Ainda antes do término da conversa com o central, o apoio dos adeptos do Santa Clara não passou em claro e Kennedy Boateng não quis deixar de passar um sentido ‘obrigado’ a todos os Bravos: «Obrigado a todos por nos apoiarem. O início de época não foi fácil, mas continuaram a apoiar-nos e a acreditar em nós. Espero que continuem a apoiar-nos pois não vos vamos desiludir. Vamos dar-vos vitórias. Muito obrigado a todos.»